Banana Fish 08
Como estão vocês, pessoal? Dois meses se passaram e aqui estamos com o oitavo episódio de Banana Fish. Embora esta seja a temporada de verão, nós que estamos no hemisfério sul na verdade estamos no meio do inverno, e apesar de ele já ter começado há algum tempo, somente nos últimos dias o clima na minha cidade começou a parecer com o verdadeiro clima do inverno. Apesar de gostar de todas as estações, as minhas melhores lembranças do inverno são de como eu gostava de ficar debaixo dos lençóis à meia luz lendo romances policiais enquanto ouvia o barulho das gotas de chuva batendo na janela. Enquanto alguns aproveitam o frio do inverno para se aconchegar com aquela pessoa especial, a única coisa que eu tinha para aquecer o meu coração eram as histórias dos meus romances. Da mesma forma, o episódio desta semana, como diz o ditado, está “pegando fogo”. Em meio a tramoias e traições, mais segredos são revelados sobre a droga que dá o nome à série, além de alguns elementos do passado do personagem que foi recentemente adicionado ao elenco. Num primeiro momento, é difícil imaginar como as circunstâncias dele afetarão o caminho de Ash e seus amigos, mas na vida não existem encontros ao acaso, e uma vez que os caminhos de duas pessoas se cruzem, seus destinos acabam se entrelaçando e ambas estão fadadas a exercerem algum tipo de influência na outra. Quem me ouve falar assim pode até pensar que sou supersticioso, mas acreditem, não sou. Talvez ler tantos romances tenha me feito ter algumas ideias romantizadas sobre as coisas, mas quem não tem um ideal ou dois? Se a arte imita a vida ou vice-versa, eu não sei, mas o que posso afirmar é que a primeira nos faz enxergar a segunda a partir de uma nova perspectiva, e se as histórias por si só já são boas por provocarem a nossa imaginação e nos fazer sonhar, a sua capacidade de às vezes transformar algo mundano em extraordinário ou ressignificar uma ideia que temos sobre algo faz com que possamos enxergar a vida com outros olhos. Não é à toa que todo mundo gosta de uma boa história.
Por fim, quero apenas comentar que o título do episódio desta semana – Uma Estória Banal – é inspirado em mais um dos contos de Hemingway, que por sua vez faz parte de um livro que reúne vários outros contos, cujo título é “Homens Sem Mulheres” (Men Without Women, 1927). É um dos contos mais curtos que ele escreveu, tendo apenas duas páginas de comprimento (ele tem literalmente duzentas palavras a menos do que este texto) e basicamente faz, além de outras reflexões, uma crítica de uma revista da década de 20. A essa altura, eu me pergunto o que faz eles escolherem o título de cada episódio, assumindo que eles não o fazem tão-somente pelo significado dos títulos em si. Como sabem, a diferença entre estória e história é que a primeira se caracteriza como sendo uma narrativa de ficção, e embora ele tenha usado em seu conto vários exemplos de pessoas reais e trechos da própria revista, ao ponderar sobre a estética de sua escrita e concluir que prefere deixar que a mesma seja liderada pelo realismo, os eventos que antecedem essa conclusão deixam a entender que a preferência é dada ao romance, ou à romantização das ideias e das coisas, o que me fez escolher estória em detrimento a história, apesar de em português as pessoas dificilmente fazerem distinção entre um termo e outro, de forma que você pode traduzir a palavra em inglês “story” por qualquer um desses dois termos, com ressalva a algumas especificidades do contexto. Talvez ler o conto no final tenha me deixado confuso e feito com que eu fizesse uma “viajem ruim”, mas saibam que esta nem é a minha interpretação do conto, mas uma dentre as que eu li na internet.
Toda vez que me sento para escrever os posts de cada lançamento, eu passo pelo menos uns quinze minutos encarando a folha em branco tentando pensar no que escrever, e embora hoje eu estivesse particularmente sem criatividade, ou por que não dizer inspiração, estou surpreso ao ver que no final acabei falando bastante. Tenho certeza de que se colocasse menos esforço em escrever estes posts, os episódios seriam lançados mais cedo, mas eu realmente gosto de compartilhar essas reflexões com vocês, e se vocês tiverem algo a dizer, eu ficarei mais do que feliz em ouvir. Uma semana é muito tempo para esperar entre um episódio ou outro. Esta é apenas a segunda série que acompanho semanalmente dentre as centenas de séries e os milhares de episódios que eu já assisti, e com todo esse tempo livre nas minhas mãos, eu não consigo evitar fazer essas reflexões. Será essa a verdadeira graça de acompanhar algo periodicamente? Seja como for, espero que curtam o episódio e nos vemos na semana que vem.
Pode continuar as reflexões não importa se demora um pouco pra lançar
Vlw pelo episódio
Muito bom, mas acharia melhor q não traduzissem banana fish, acho q fica bem melhor.
Isso me lembra uma certa novela que passou na Globo na época da copa se não me engano onde os personagens “mezzo” falavam português com uma palavra ou expressão em inglês no meio. Tinha uma que dizia a palavra em inglês e a traduzia logo depois. Eu achava aquilo tão ridículo, ninguém fala assim na vida real. A verdade é que a nossa própria cultura está tão impregnada de elementos da cultura americana que é mais fácil a gente falar deletar ao invés de excluir e usar termos de outras línguas como se fosse natural. Um bom exemplo disso é o meme do fake news, que é uma expressão que se tornou popular na época das eleições. Eu escolhi traduzir o nome da droga porque ele foi inspirado no peixe do conto de Salinger. Que os japoneses usam o nome em inglês não me surpreende, a influência da língua inglesa é mais forte sobre eles. É só ouvir as canções pop deles. Eu não saberia nomear uma que não traga na letra duas ou mais palavras em inglês que substituem a palavra em japonês, assim como faziam os personagens “mezzo” daquela novela. Pessoalmente, eu acho isso super estranho. Enfim, preferência é uma extensão de gosto e este não se discute. Seja como for, agradeço pelo seu comentário, as opiniões de vocês são importantes, já que são vocês que estão assistindo. Talvez se mais pessoas tivessem se manifestado, eu tivesse feito duas legendas, uma com o nome traduzido e outra não, aí cada um escolhia como queria assistir, mas a essa altura é tarde. Só espero ter deixado meu posicionamento claro, pois esta é uma atitude que carrego para todos os projetos de que faço parte.